segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Pós-de-vir-humano




Nada construo,
sou valorado
Faço o que trocam,
faço o que usam,
o mundo não muda,
nada é concreto,
mas tudo demora,
muito.

Sinto veloz,
num globo da morte,
sem velocidade,
o limite circula,
força o globo
para girá-lo,
mas tudo demora muito,
nada construo,
sou valorado.

O globo não roda,
contraditório,
inconclusivo,
inerte,
dentro é veloz,
fora é parado,
nada construo,
sou valorado.


Essa poesia está no Sexta Poética, em: http://sextapoetica.com.br/wiki/index.php?title=Pós-de-vir_humano


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terça-feira, 17 de agosto de 2010

Aventuras de Kafka - III



Sobre a pilha de papeis
e com a mesa à deriva,
por um lado queria a moça,
por outro a própria vida.

Os documentos protocolados
Não podiam ser perdidos
e a moça era tão bela
como um processo indefinido.

Arrastou-se até margem,
em direção ao compromisso,
mas a ocasião que era fértil
só abria em dia útil.

Essa poesia está no Sexta Poética, em: http://sextapoetica.com.br/wiki/index.php?title=Aventuras_de_Kafka_III

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terça-feira, 3 de agosto de 2010

Aventuras de Kafka - II



Do alto da torre igreja,
viu, num morro breve,
uma moça solícita que acenava
sob a velha porta do albergue.

Mas a água já tomara o vale.
Sobrara apenas a torre, o cume e,
distante a Leste, um móvel de madeira.

Kafka titubeou, pensou em desistir,
instante em que lembrou do trabalho por fazer.

Sem temor, nosso autor nadou até o móvel:
era sua velha escrivaninha que boiava.
Então sentiu-se em casa.

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