segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A'rtista

Ela veio e pensou por aquilo que viu,
tocou e sentiu que podia criar,
cheirou e comeu com mãos de pó,
suspirou e sorriu o deleite do cio,
sentou e moveu o viver em torpor,
moldou e talhou com a lima de aço,
gozou e gozou a conquista da obra,
parou e esperou a euforia da luta,
vendeu e trocou a experiência concreta,
murchou e cessou o sentido d’artista.

Absinteria

Vou lhe contar,
caro amigo,
o caso do absinto
das ruelas de Praga.

Há lá uma absinteria,
que nunca imaginaria,
apensar de ter aqui
cachaçarias e choperias.

Há várias absinterias,
mas vá lá, falo daquela
a mais bela das ruelas
com a bicicleta na porta
e a máquina verde,
que refresca
de ver girar o absinto.

Há ainda o calor,
natural de Praga,
que acalora e não cansa
que abafa e não passa.

O copo é transparente
de plástico firme
com gelo na metade,
pequenos cubos,
milimetricamente gelados.

Completa o absinto
meio doce,
meio amargo,
um suave aniz gelado.

Segue andando pelas ruas
e esbarrando nos teatros,
saboreando a tontura
do absinto em regaço.

Basta fechar os olhos,
agora como faço,
para sentir o absinto
e o andar em descompasso.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Astúcia




Autoridade vem da experiência,
como também da força.
Se experiência e força faltarem,
virá da astúcia: tal qual a raposa.

Astúcia é uma forma de sentir
para além do bem e do mal,
se transforma no devir
com a elevação da moral.

O dever se move de cima
passa a dever do lado,
o real se torna possível
e o devir contextualizado.

Mas sobra aquela falsa raposa,
onde falta a consciência mínima,
e que num passe de mágica
se converte em Macunaíma.

Essa poesia está no Sexta Poética, em: http://sextapoetica.com.br/wiki/index.php?title=Astúcia

Imagem disponível sob CC, em: http://farm3.static.flickr.com/2392/2142470132_a5610e595f_m.jpg